Uso de animais em laboratórios: outro caso de polarização
Cristina é doutoranda em farmacologia na Universidade de Oxford. Ela usa ratos para fazer seus experimentos. Esses animais são criados no próprio laboratório. Periodicamente Cristina sacrifica ratos que não vai precisar usar. A conta é simples: há um custo diário de manutenção para cada rato que, multiplicado pelo número de dias e de ratos se torna substancial.
Uma vez por semana, todos os dias da semana, um grupo de ativistas protesta na frente do departamento onde Cristina trabalha. Eles mostram fotos de vários animais, inclusive chimpanzés. O único animal usado nesse laboratório é o rato.
Mencionei a Cristina ter visto em Londres um anúncio publicitário criticando o uso de animais em experimentos. Era um anúncio sóbrio e simples: um rato de laboratório subindo por uma mão. Cristina achou uma pena essa iniciativa existir. Ela disse que as leis do Reino Unido para esse tema são as mais avançadas do mundo.
Ela disse que a única causa para qual ela gostaria de trabalhar como ativista é para a conscientização sobre o uso de animais em laboratórios. Ela conta que na equipe dela, cinco pessoas de seis são vegetarianas. Elas entendem que há como substituir o uso de animais para a alimentação, mas não para o trabalho em laboratório.
Eu perguntei se o motivo da legislação britânica ser tão rigorosa não tem a ver com a sociedade organizada; se essa mobilização não teria sido importante para se proveja tratamento respeitoso a esses animais. Ela explicou que os ratos dela são bem alimentados, tem acesso à luz e escuridão (o contrário de ter luz continuamente) e tem brinquedos. Os ratos precisam estar felizes para serem submetidos a exames. Estresse e angústia impactariam os experimentos.
Cristina contou de dois casos em que os ativistas são convidados a entrar no laboratório para conversar. Mas, segundo ela relata, eles não aceitam. Querem continuar protestando; querem o fim dos experimentos; não querem saber de conversa.